sábado, 26 de fevereiro de 2011

Professores ganham aumento de 16% no piso

Docentes da rede pública de todo o País vão receber R$ 1.187,97 por jornada de 40 horas;
MEC flexibilizará regra para liberar recursos

O ministro da Educação, Fernando Haddad, anuncia hoje o novo piso salarial dos professores da rede pública do País. O valor será de R$ 1.187,97 para docentes de nível médio que cumprem carga horária de 40 horas - uma alta de 15,84% sobre os R$ 1.024,67 adotados em 2010. Para os professores que cumprem 20 horas, o piso será de R$ 593,98.

O governo anuncia também o abrandamento das regras para a liberação de recursos federais para as cidades que têm dificuldades para pagar o piso salarial. Atualmente, para receber o recurso adicional quando não é possível atingir ao piso mínimo, o Estado ou o município tem de destinar 30% de seu orçamento para a educação - e não os 25% exigidos pela Constituição. Pela nova regra, valerá o porcentual definido na Constituição.

O Ministério da Educação (MEC) vai flexibilizar também a regra que determina que, para repassar a verba, o município precisa atender 30% dos alunos na área rural. A condição deverá ser derrubada.

Fundeb. O presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski, questiona o valor estabelecido pelo MEC e acusa o Ministério de não seguir a decisão da Advocacia-Geral da União. Segundo a AGU, o reajuste do piso tem de ser baseado no valor do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) efetivamente realizado.

Segundo Ziulkoski, o reajuste do piso não deveria ser feito agora, em fevereiro, mas apenas em abril, quando já se terá contabilizado o valor executado do Fundeb. Segundo seus cálculos, o valor atual do piso deveria ser de R$ 994 e não R$ 1024. "Se eles fixarem o piso agora e não em abril, incorrerão no mesmo erro do ano passado e prejudicarão inúmeros municípios." Ziulkoski também lembrou que estudos da confederação apontam que pelo menos nove Estados não têm condições de pagar o piso mínimo dos professores.

Repasse. O MEC rebateu as queixas e informou que, de 2003 até hoje, dobrou o repasse de recursos do Fundeb para os municípios, passando de R$ 37,5 bilhões para R$ 83,8 bilhões. Segundo o ministério, houve aumento também do repasse de recursos do salário-educação, que saltou de R$ 3,8 bilhões em 2003 para R$ 6,6 bilhões em 2010. Segundo o MEC, foram também repassadas verbas para transporte e merenda escolar.

Educadores lamentam escolha de Tiririca para comissão na Câmara

Indicado para Educação, palhaço teve de provar à Justiça não ser analfabeto;
ele pediu a seu partido, o PR, para ser indicado ao posto
Depois de submetido a um teste para provar à Justiça Eleitoral que não era analfabeto, o deputado, cantor, compositor e humorista Francisco Everardo Oliveira Silva - o Tiririca - foi indicado, nesta sexta-feira, titular da Comissão de Educação e Cultura da Câmara.

A escolha foi anunciada pelo líder do PR, Lincoln Portela (MG), e atende a um pedido pessoal do deputado. Um ofício confirmando a indicação - antecipada pelo estadão.com.br às 15h38 desta sexta - será protocolado pelo PR na terça-feira. Segundo a assessoria de Tiririca, ele queria muito fazer parte da comissão porque pretende atuar, como deputado, na área artística. É até filiado, em São Paulo, ao sindicato da categoria.

A notícia espalhou surpresa e desconsolo entre educadores."É um retrato da sociedade que temos", reagiu o professor Mozart Neves Ramos, da ONG Todos pela Educação. "Acho lamentável", acrescenta a titular de Pedagogia da Faculdade de Educação da Unicamp, Maria Márcia Malavasi. "Não por ele, mas porque há tantas outras pessoas com carreira, seriedade e currículo para essa missão."

Tiririca vai discutir e votar políticas educacionais depois de chegar ao Congresso envolvido numa aura de analfabetismo. Eleito com mais de 1,3 milhão de votos - a segunda maior votação da história da Câmara -, só conseguiu tomar posse depois de provar, perante um juiz eleitoral, que sabia ler e escrever. O argumento do juiz Aloisio Silveira, que o aprovou no TRE paulista, foi que "a Justiça Eleitoral tem considerado inelegíveis apenas os analfabetos absolutos e não os funcionais". O educador Mozart Ramos fez uma comparação: "Imagino se, na hora de formar uma seleção brasileira de futebol, houvesse vagas e cotas para os clubes, como para os partidos". O mais grave, observou, é que este é um ano importante para as causas educacionais. "Temos um Plano Nacional de Educação a ser definido. Com ele, a Lei de Responsabilidade Educacional. A reforma do ensino superior, a questão das cotas." Uma agenda "em grande parte técnica, que exige gente de preparo no setor".

Lembrando que o Brasil tem "14 milhões de analfabetos com mais de 15 anos e muitos milhões mais de analfabetos funcionais", ponderou que Tiririca não está preparado para atender "à dramática necessidade de se organizar a educação para uma sociedade moderna e preparada".

Marcia Malavasi, da Unicamp, esclareceu que não tem nada pessoal contra o deputado. "Não se trata de desmerecer as qualidades que ele possa ter. Mas é evidente que há uma inadequação entre o que ele representa e o tamanho dos desafios da educação brasileira."

Completando sua tarde de celebridades, a Câmara emplacou também o ex-jogador de futebol Romário (PSB-RJ) como vice-presidente da Comissão de Turismo e Desporto. Nesse time jogarão também Danrley de Deus (PTB-RS), ex-goleiro do Grêmio, e o ex-boxeador Acelino de Freitas, o Popó. Romário já avisou que pretende trabalhar com os grupos encarregados de organizar a Copa do Mundo , em 2014, e a Olimpíada do Rio, em 2016. A Comissão de Finanças terá o ex-participante do programa Big Brother Brasil Jean Wyllys (PSOL-RJ).

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Saúde: Exercícios aeróbicos aumentam a resistência do corpo

Prática acelera o metabolismo
e diminui chances de doenças cardiovasculares

Caminhar, correr, nadar, pedalar, dançar ou realizar outras atividades aeróbicas é essencial para garantir boa forma e saúde. Esses exercícios aceleram o metabolismo contribuindo para o emagrecimento e melhoram o condicionamento físico, fazendo com que ações cotidianas como subir escadas, correr até o banco e carregar sacolas de supermercado sejam realizadas com menos esforço. Além disso, diminuem a chance de doenças cardiovasculares e aumentam a expectativa de vida. Por isso, pessoas de todas as idades devem incluir exercícios aeróbicos em seus treinos levando em consideração, claro, seu preparo físico.

Antes de começar qualquer tipo de atividade, porém, o professor da academia Bio Ritmo Alécio Sales recomenda procurar um médico para realizar uma avaliação física e um profissional de educação física para obter uma orientação sobre as opções mais adequadas para você e os limites que deve respeitar. Providenciar roupas confortáveis para a prática de exercícios e uma garrafa de água para manter o corpo hidratado também são essenciais.

O personal trainer Júnior Brandão garante que 30 minutos de exercícios três vezes por semana são suficientes para que os resultados sejam notados a partir dos primeiros 45 dias. Segundo ele, iniciantes devem procurar mesclar modalidades, até para não perderem a motivação por acharem que a atividade está monótona. Assim, aliar dois dias de caminhada com um de pedalada, por exemplo, é perfeito.

O ideal é que a pessoa escolha os exercícios de acordo com seu gosto pessoal. Caso contrário, a baixa motivacional pode aparecer também. Porém, se o intuito é emagrecer o quanto antes, vale observar a quantidade de calorias gastas em diferentes atividades.

Confira as dez modalidades com os maiores gastos calóricos por hora no ranking elaborado pelos médicos do Instituto BR Esportes Marcelo Ortiz e Carlos Polazzo:

1. Corrida: 900 calorias

2. Andar de bicicleta: 840 calorias

3. Tênis: 800 calorias

4. Futebol: 780 calorias

5. Boxe: 660 calorias

6. Musculação: 720 calorias

7. Remar: 600 calorias

8. Natação: 540 calorias

9. Basquete: 480 calorias

10. Vôlei: 420 calorias

Na academia, existem outras opções, como bicicleta ergométrica, transport, esteira e escada rolante. Segundo Sales, sendo regulados corretamente, esses aparelhos são indicados para todos os níveis de condicionamento físico.

A orientação do professor é que iniciantes usem intensidade leve ou moderada por um período de 20 a 45 minutos. "Um frequentador assíduo pode adotar qualquer método de corrida, por exemplo, o fartlek, em que a intensidade varia a qualquer momento, desenvolvendo capacidade aeróbica e anaeróbica por conta da variação de velocidade", explica.

Além de ter orientação profissional é essencial respeitar as suas limitações. Portanto, caso note que algo não está bem no seu corpo, diminua a carga e a velocidade lentamente até voltar ao normal. Passar dos limites pode causar dores, luxações, estiramentos e até lesões mais graves.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Estado - Professores iniciam greve por tempo indeterminado e paralisam centro

Após assembleia, docentes percorrem ruas de Teresina,
pedem reajuste salarial e criticam aumento no IAPEP.
Os professores do Piauí entraram em greve por tempo indeterminado nesta segunda (14), dia previsto para o retorno às aulas. Eles tomaram a decisão em Assembleia na praça da Bandeira e tomaram as ruas do centro da cidade em direção à sede do Iapep, órgão que também é alvo do descontentamento dos docentes.

Por onde passam, os professores interditaram ruas e dificultam o trânsito no centro da capital. Gritando palavras de ordem como "trabalhador na rua, governo a culpa é sua!", eles reivindicam um reajuste salarial de 15% e que o aumento na contribuição do servidor para o Iapep anunciado semana passada em 10% seja cancelado.

De acordo com a presidente do Sinte, Odeni Rocha, a categoria tenta negociar com a Secretaria de Educação deste o ano passado, mas não obteve sucesso. "Com certeza isso irá comprometer o ano letivo e é culpa do governo. Tentamos várias vezes negociar e o eles sequer nos receberam", pontua.

O salário do professor com carga horária de 40 horas é R$ 915. Atualmente existem no Piauí aproximadamente 23 mil docentes.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

PMT - Tabela de Pagamentos 2011

Clique no título acima e confira a tabela de pagamento/2011 da Prefeitura de Teresina. Este mês, os servidores da SEMEC serão os primeiros a receberem seus salários, dia 25.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A Saúde como Elemento para Repensar a Prática do Ensino

A atividade de ensino já foi vista como função de alto valor social, interpretada como um "dom", um "sacerdócio", valorizada por todos os cidadãos e assumida pela sociedade como uma atividade pública. Nos últimos tempos, com o predomínio e expansão das relações capitalistas, essa atividade perdeu completamente este sentido.

As modificações promovidas pelas novas formas de compreender a prestação de serviços, dentre eles a educação, orientaram-se, sobretudo, pela lógica do modo de produção capitalista, especialmente na perspectiva do modelo neoliberal atual. Tal reorientação buscou transformar relações socialmente relevantes em mercadorias, visando, em maior ou menor grau, a obtenção do lucro. Esse processo pode ser exemplificado pela prática do ensino. A educação tornou-se um dos setores mais lucrativos (investimento de retorno imediato, incentivado e/ou desencadeado a partir do desmoronamento intencional da educação pública e gratuita).

Assim, se é possível aplicar à atividade de ensino (aqui compreendida como produção de mercadoria socialmente valorizada) a lógica da produção capitalista, é também possível gerenciar aqueles que produzem essa mercadoria (os professores), tal qual se gerenciam os trabalhadores de uma fábrica. Dessa forma, aplicou-se aos professores regras bastante semelhantes àquelas aplicadas aos demais trabalhadores do setor primário e secundário da economia: controle da produtividade, do ritmo de trabalho, do tipo de tarefa a ser executado, do tempo para sua execução, da jornada e carga de trabalho necessárias.

Esse processo passou inicialmente pelo desmantelamento do setor público de educação, o que vem obrigando os professores, cada vez mais, a ingressarem na rede privada e lucrativa de ensino, sem, no entanto, usufruir de boa parte desses "lucros". Os professores, ao se inserirem nesse sistema que, guardando suas devidas especificidades, diferem muito pouco de qualquer empresa capitalista, submetem-se ao mesmo sistema de exploração ao qual estão submetidos os trabalhadores em geral: instabilidade no emprego, ritmo intenso de trabalho, extensas jornadas de trabalho.

Portanto, é dentro e a partir da compreensão da educação amplamente inserida no modo de produção capitalista, que devemos discutir e entender o processo de saúde-doença dos professores da rede particular de ensino.

Trabalho e Saúde dos Professores -
O Que Se Pode Dizer Dessa Relação?

O trabalho humano possui um duplo caráter, por um lado é fonte de realização, satisfação e prazer, estruturando e conformando o processo de identidade dos sujeitos; por outro, pode também transformar-se em elemento patogênico, tornando-se nocivo à saúde (Seligmann-Silva, 1987, Dejours, 1987). No modo de produção econômica predominante no nosso país, considerando-se particularmente os modelos de organização do trabalho adotados, largamente ancorados em formas autoritárias de gestão, controle contínuo dos trabalhadores, ritmo acelerado e intenso fluxo de demandas, devemos considerar atentamente as conseqüências dessas formas de organizar e conceber os processos de trabalho sobre a saúde dos trabalhadores.

O avanço da medicina social, ocorrido nas últimas décadas, possibilitou uma maior conscientização dos profissionais de saúde quanto à necessidade de manter serviços permanentes dedicados às ações primárias, com ênfase na prevenção e promoção à saúde, antes da ocorrência de um quadro patológico. Por outro, os trabalhadores e suas entidades representativas também tem inserido questões relativas às condições de saúde e trabalho em suas estratégias de lutas e intervenções, voltando-se, em anos mais recentes, para a busca de medidas que garantam a preservação de um ambiente ocupacional saudável. Como parte desse processo, pode-se observar o incremento dos estudos das relações entre condições de trabalho e saúde dos trabalhadores. Conseqüentemente, já há considerável literatura sobre as repercussões do trabalho no processo saúde-doença da população (Dejours, 1978, 1987; Laurell & Noriega, 1989; Fischer, 1989; Rocha et al., 1993).

Entretanto, a maioria de tais investigações está direcionada a categorias de trabalhadores onde a inter-relação entre trabalho e saúde é mais evidente, pela própria natureza da atividade (por exemplo, contato com equipamentos cortantes ou substâncias tóxicas). No Brasil, pouco ainda tem sido feito no sentido de avaliar as repercussões do trabalho sobre a saúde em categorias de trabalhadores onde esses riscos são menos visíveis, como por exemplo em professores. A maior parte da bibliografia encontrada acerca desse tópico em particular é originária de outros países. A revisão de literatura sobre trabalho docente e a saúde dos docentes, portanto, revelou uma produção científica ainda incipiente. Entre os estudos revisados, destacam-se aqueles referentes ao estresse. Há um consenso, nesses estudos, de que ensinar é uma ocupação altamente estressante, com repercussões evidentes na saúde física e mental, e no desempenho profissional dos professores.

Alguns estudos têm avaliado as fontes e extensão da ansiedade (Keavney & Sinclair, 1978) e do estresse percebido pelo professor. Apesar das fontes de ansiedade avaliadas variarem muito de estudo para estudo, dentre as mais comumente relatadas, incluem-se: pressão do tempo (Olander & Ferrell, 1970), relacionamento com a administração e outros colegas (Moracco et alii, 1982), ameaças verbais e físicas feitas pelos estudantes (Cichon & Koff, 1980), tarefas extra-classe, reuniões e atividades adicionais e, problemas com alunos (Dedrick at al., 1981). A relação desses estressores com repercussões na saúde tem sido avaliada. No que se refere à saúde psíquica, no estudo de Payne & Fletcher (1983) observou-se que demanda do trabalho predizia significantemente depressão e falhas cognitivas.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT, 1981 apud Machado, 1993), um em cada dois professores participantes de uma pesquisa da Universidade de Munique estava exposto ao risco de sofrer um ataque cardíaco; entre docentes da Hungria constatou-se maior prevalência de distúrbios advindos do estresse, labirintite, faringite, neuroses e doenças dos aparelhos locomotor e circulatório em docentes; entre educadores franceses, segundo dados oficiais, 60% das solicitações de licença por motivo de doença relacionavam-se a distúrbios nervosos. Além disso, verificou-se, entre pessoas hospitalizadas por doenças mentais, maior incidência de neuroses com depressão entre os professores do que em outras categorias profissionais. Na Inglaterra, um estudo realizado em 1978, indicou que 25% dos professores não acreditavam na própria permanência na profissão pelos próximos dez anos, e 20% a 30% deles classificaram-na como causadora de estresse.

Nos Estados Unidos, DeFrank & Stroup (1989) estudaram professores de escolas elementares para avaliar a relação entre fatores pessoais, estresse, insatisfação no trabalho e problemas de saúde. Dos indivíduos estudados 96% eram mulheres, 76% casadas, com média de idade de 39, 4 (±9,2) anos e ensinando, em média, 12,1 (±6.9) anos. De acordo com o instrumento de avaliação de estresse usado , os itens mais freqüentemente relatados foram sobrecarga laboral e problemas com os alunos (referidos como "tentativas contínuas de motivar estudantes que não desejam aprender").

Os problemas de saúde mais freqüentes foram: perda de energia, impaciência, dores de cabeça, hiperalimentação, aumento da irritabilidade e dores na coluna. Em sessão aberta do questionário, os professores estabeleceram como principais fatores de estresse: avaliações, tempo insuficiente para as tarefas estabelecidas, preocupações diárias (trabalho de casa, currículos, reuniões), responsabilidades extracurriculares, problemas com os pais que não se preocupavam com a vida escolar do aluno e falta de tempo para estar com a família. Fatores demográficos e experiência de ensino não influenciaram estresse. Estresse apareceu como um forte preditor de insatisfação e esta mostrou-se fortemente associada aos problemas de saúde.

Um outro grupo de estudos avaliou questões relativas aos problemas vocais entre os professores. Sapir et al. (1993) realizou um inquérito em professoras escolares, de várias localidades dos Estados Unidos, para avaliar problemas de voz. Segundo os dados encontrados, as professoras apresentaram um número médio de 3,8 sintomas de desgaste ou atrito vocal. Mais da metade relatou múltiplos sintomas. Um número significativo, especialmente de professoras com múltiplos sintomas, relatou que os sintomas afetavam negativamente seu desempenho nas atividades de ensino e que a voz era uma fonte permanente de estresse e frustação.

Smith et al.. (1997) compararam a freqüência de sintomas de voz entre um grupo de professores e um grupo de indivíduos de outras ocupações. Os professores relataram ter mais problemas de voz (15%) do que os não professores (6%). Vinte por cento dos professores e nenhum indivíduo do grupo de comparação tinham perdido algum dia de trabalho em conseqüência de problemas de voz. A partir dos achados encontrados, o autor conclui que ensinar é uma ocupação que envolve um risco mais elevado para desordens da voz. Estas desordens, por sua vez, trazem implicações negativas tanto no que se refere às condições financeiras do docente, quanto ao seu desempenho profissional. Gotaas & Starr (1993) interpretaram os resultados do seu estudo como indicativos de que as características vocais dos professores que apresentaram fatiga vocal são similares às dos que não apresentaram nos dias em que os primeiros não tiveram fatiga.

Encontraram também que os dois grupos eram similares com relação a quantidade e altura dos seus tempos de fala, no trabalho e em casa. Entretanto, professores com fatiga vocal tendem a despender mais tempo em atividades que parecem ser mais demandantes da voz e estão mais propensos a perceber situações produtoras de ansiedade. Professores que fatigam a voz tendem a estar em boa saúde, mas têm tido mais problemas auditivos e alergias do que os demais colegas, e outros membros de sua família têm tido também problemas com a voz.

No Brasil, as referências de estudos abordando as condições de saúde e trabalho do professorado são ainda escassas e, apenas na segunda metade da década de 90, foram produzidas algumas investigações, abordando as condições de saúde e trabalho da escola pública. As evidências encontradas nesses estudos são preocupantes e apontam a necessidade de medidas imediatas. A investigação de Codo et al. (1998) sobre a saúde mental dos professores de 1o e 2o graus em todo o país, abrangendo 1440 escolas e 30.000 professores, revelou que 26% dos professores da amostra estudada apresentavam exaustão emocional (cerca de 1 professor a cada quatro estudados). Essa proporção variou de 17% em Minas Gerais e Ceará a 39% no Rio Grande do Sul. A desvalorização profissional, baixa auto-estima e ausência de resultados percebidos no trabalho desenvolvido foram fatores importantes para o quadro encontrado.

Ruiz et al. (1995), investigaram a demanda de professores de 1o e 2o graus da rede pública de Sorocaba, São Paulo, num ambulatório especializado em saúde ocupacional. A demanda por atendimento foi periódica nos semestres: no começo do ano era pequena, nos meses seguintes aumentava, no início do 2o semestre voltava a diminuir e, novamente, aumentava no final do ano. Durante as férias, a demanda registrada era mínima. Segundo os autores, esse comportamento da demanda favorece a hipótese de que a procura do cuidado médico e, conseqüente afastamento do trabalho, aumentava no decorrer do período letivo, revelando um desgaste crescente dos professores. Dentre as doenças mais freqüentes encontraram a laringite, que representou 39,8% dos diagnósticos realizados, seguida pela asma ocupacional (15,3%), alergia ocupacional (6,8%) e lesões lesões por esforços repetitivos (LER).

Carvalho (1995), estudando professoras primárias na cidade de Belém, encontrou níveis mais elevados de suspeição de sintomas psíquicos (de acordo com o instrumento de detecção utilizado: o MMPI), em escolas onde se relatou um relacionamento menos democrático com a direção, do que naquelas onde predominavam relações mais democráticas.

Em Salvador, Bahia, o CESAT (Centro de Estudos em Saúde do Trabalhador), órgão da Secretaria de Saúde do Estado, em um estudo da demanda do Ambulatório no período de 1991 a 1995, registrou o atendimento de 76 docentes. Das pessoas atendidas 93,4% eram mulheres, com faixa de idade predominante entre 40 a 49 anos. Após avaliação, 46 educadores (60.5%) foram diagnosticados como portadores de doenças ocupacionais. As doenças encontradas foram: calos nas cordas vocais, 41.3% dos casos, rinosinusite, 34.8% dos casos, asma, 13.0%, Lesões por Esforços Repetitivos, 6.5%, dermatose, 2.2% e varizes, 2.2% (CESAT, 1997).

Os dados revisados revelam um conjunto de repercussões nocivas do trabalho na saúde dos professores, ainda que a visibilidade dessas repercussões não seja tão evidente como em outras categorias profissionais.

Entretanto, a grande maioria desses estudos investigou escolas públicas. Considerando que o processo de trabalho docente em escolas particulares, em muitos aspectos diferem, drasticamente, das escolas públicas, torna-se necessária a avaliação da saúde dos professores, no contexto específico das escolas particulares. Tal necessidade é ainda maior quando se considera o acelerado crescimento do número dessas escolas, observado no Brasil nos últimos anos.

Professores poderão ter o mesmo reajuste salarial dos parlamentares

Os senadores Cristovam Buarque (PDT-DF) e Pedro Simon (PMDB-RS) apresentaram em 16 de dezembro/2010, projeto de lei que estende o mesmo percentual dereajuste salarial concedido aos parlamentares do Congresso Nacional aos professores da educação básica das escolas públicas brasileiras.

Com o aumento de 61,78% dos parlamentares, aprovado ontem nas duas Casas do Congresso, o piso salarial dos professores passaria de R$ 1.024,00 para R$ 1.656,62. Para Cristovam, a desigualdade salarial entre os parlamentares - que pelo projeto aprovado nesta quarta-feira (15), passarão a receber R$ 26,7 mil - e os professores é substancial, talvez a maior em todo o mundo, com conseqüências desastrosas para o futuro do Brasil.
Na opinião do senador, a aprovação do reajuste de 61,78% para os professores da educação básica permitirá que o Senado dê uma demonstração mínima de compromisso com a melhoria da qualidade da educação das crianças brasileiras, o que contribuirá, segundo ele, para melhorar a credibilidade da Casa frente a opinião publica.

Neste sentido, o site Petição Pública está com um abaixo-assinado, colhendo assinatura de todas as pessoas que são favoráveis ao Projeto de Lei dos senadores Cristovam Buarque e Pedro Simon. Acesse o site e participe dessa campanha:

http://www.peticaopublica.com.br/?pi=P2010N4645

Seja bem vindo(a)!