Com certeza você acompanhou as reportagens do JNnoar da semana que acaba. Foram visitadas 5 cidades, em cada uma das regiões, entre elas, Fortaleza, Goiânia e Belém. O foco destas visitas era, mostrar o melhor e o pior das redes públicas de cada Estado/região visitada, a partir do IDEB das escolas do município em que chegava a reportagem.
Minha pergunta é: até quando o silêncio da imprensa sobre o que está acontecendo na educação municipal de Teresina? Depois de mais uma década de enorme esforço para organizar uma rede orientada para gerar o sucesso escolar dos alunos, tudo está sendo desfeito aos olhos de todos, sem qualquer reação, indignação ou movimentação que, pelo menos, levante o debate sobre o que se quer realmente para o futuro da cidade.
Neste exato momento, por inação, as escolas municipais não possuem direção escolar constituída legalmente, portanto, seus Conselhos Escolares, que gerem os recursos da escola, estão acéfalos e, mesmo que haja dinheiro, não pode ser investido na escola, no que lhe cabe: material didático, material de apoio ao professor, merenda, limpeza e pequenos serviços. O pleito deveria ter sido realizado em novembro de 2010. Estamos no final de 2011, a Câmara já convocou o secretário, ele deu “explicações” e, mesmo assim, nada acontece.
Nenhuma das capitais visitadas tem IDEB melhor que o de Teresina, que cresceu progressivamente, de 2005 a 2009. Nenhuma escola da nossa capital tem IDEB menor que três e, na primeira fase, tivemos nota 5,2 na média, com várias escolas acima de 6,0 que é o objetivo do MEC para o país em 2002. Com esforço, motivação e, principalmente, liderança e compromisso com educação, se poderia chegar à média 6,0 em Teresina agora em 2011, uma década antes do país.
Mas, se as escolas não têm diretores constituídos; o secretário não se apresenta ao trabalho, proferindo priorizar seus negócios particulares; se equipe de professores gestores constituída ao longo da última década foi dispensada e submetida a humilhações, por acreditar no trabalho que realizava; e finalmente, se a visão é de que o trabalho feito e reconhecido pelo MEC e os outros organismos estava inteiramente errado, será possível esperar melhora nos índices?
A conta, meu caro, não é paga por Washington Bonfim, Kleber Montezuma, Firmino Filho, Silvio Mendes ou quem mais se ache que se está atingindo com o descaso. Mas, está e será, novamente paga por crianças e famílias pobres de nosso, que aprenderam dos muitos erros, havia da parte da Prefeitura Municipal de Teresina, um compromisso concreto, diário e genuíno com a educação de nossas crianças.
O prefeito Elmano Férrer está jogando fora a maior oportunidade que um político já teve no Piauí, de entrar pela porta da frente da história, elevando o nome da capital mais pobre do país, com uma educação básica avaliada como digna das melhores do país e do mundo ocidental. Preferiu o caminho de olhar o lado e ver no horizonte, concreto, avenidas e carro, invés de gente, gente humilde, que se canta todos os dias no hino desta cidade.
Ainda há tempo de consertar? Sinceramente, não sei! Mas, se não se começar de imediato, teremos de nos defrontar mais uma vez, com o vexame de estar entre os últimos, depois de jogar fora o trabalho de estar entre os primeiros.
* Washington Bonfim é professor da UFPI, foi secretário municipal de Educação de Teresina e presidente da Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação), no Piauí.
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